Tuesday, November 23, 2004

Ah! a selvajaria desta selvajaria! Merda
Pra toda a vida como a nossa, que não é nada disto!
Eu pràqui engenheiro, práctico à força, sensível a todo,
Pràqui parado, em relação a vós, mesmo quando ando;
Mesmo quando ajo, inerte; mesmo quando me imponho, débil;
Estático, quebrado, dissidente cobarde da vossa Glória,
Da vossa grande dinâmica estridente, quente e sangrenta!

Arre! por não poder agir de acordo com o meu delírio!
Arre! por andar sempre agarrado às saias da civilização!
Por andar com douceur des mœurs às costas, como um fardo de rendas!
Moços de esquina - todos nòs somos - do huminitarismo moderno!
Estupores de tísicos, de neurasténicos, de linfáticos,
Sem coragem para ser gent ecom violência e audácia,
Com a alma como uma galinha presa por uma perna!


excerpto de Álvaro de Campos - Ode marítima

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